Num banco de jardim

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Sentado no banco de jardim
De olhar triste e sombrio
Semblante magoado
Em quietude ignorado
Pela vastidão dos rostos
Que seguem na multidão.

Embebido em silêncio
Por um corpo repousado
Cansado do cansaço
Entre o vazio acumulado
De andar de banco em banco
Sozinho e arrastado.

Aprendeu a moldar os gestos
Para não ferir quem o possa ver
Gasta as horas que cobrem os dias
No aconchego da memória
Refúgio onde correm as lágrimas
E o levam à nascente da sua história.

Prende-se à corrente dos outros
Acrescenta-se com tudo o que vê
Alimenta-se com o viver da gente
Dá um jeito às dores que sente
Deixa-se ir com o pensamento
Até chegar o seu momento.

 

12 thoughts on “Num banco de jardim

  1. A solidão que cada um carrega dentro de seu próprio silêncio costuma passar despercebida… olhares serenos por vezes ocultam sombrias desesperanças…

    Tua poesia encanta.
    Abraço!

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  2. Ótimo texto Fernanda. A suavidade das palavras, embala o risco e o desejo de temperar uma visão extraordinária do estar em cima de um mutirão de escolhas, mas o corpo atordoado pelo peso, discorre a ideia de que algo ainda exista.
    Passarei mais vezes por aqui! 😉

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  3. Há uma solidão e silêncio primordial que estão na base de nossa experiência de consciência, é ali que haverá uma verdadeira abertura para o Outro. Que possa a solidão ser fecunda e permitir o encontro com o outro, e não mais com “ninguém” que compõem a multidão.

    Sua poesia deu voz à tristeza de meu peito!
    Seu canto embalou certa amargura e certo anseio…

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