Na minha aldeia

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É dia de festa na minha aldeia
Repicam os sinos, a praça está cheia
Todos trajam os fatos de domingo
Desfilam arrojados para a plateia.

Sai a procissão do adro da igreja
Em cortejo por entre a multidão
Seguem os crentes em oração
Entre os que ficam sem devoção.

As mulheres cumprem as promessas
Os homens apreciam as travessas
Servidas nas tascas com petiscos
Onde bebem uns copos e ficam ariscos.

Regresso com saudade à minha infância
Ao dia de festa na minha aldeia
Outrora vivida com pompa e circunstância
Hoje festeja-se sem grande importância.

Ainda recordo a alegria desta tradição
O vestido novo feito para esta ocasião
O carrossel que girava em contramão
Memórias que me preenchem o coração.

Despedida

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Talvez esteja de partida, ainda não sei
Procuro ser bem acolhida
Numa terra desconhecida
Sem memórias, por onde nunca passei
Talvez seja um sonho, eu sempre sonhei
Tantas vezes converso com o tempo
Ainda hoje lhe perguntei
Como amainar a despedida
E preparar o coração para uma nova investida.
Já sinto o silêncio apoderar-se do corpo
A mente a inventariar os sentidos
Tudo é opaco em meu redor
Os sonhos foram caindo, perdidos
Não sei se fico, talvez não
É hora de sacudir os murmúrios
Sentir que tudo não foi em vão
Talvez um dia te encontre ou não…

Ao luar

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Os pássaros já recolheram
As flores já adormeceram
As luzes já se apagaram
Apenas eu e a lua
Ainda acordadas,
Encurtamos a distância
Falamos dos sonhos ainda não sonhados
Da paixão que une os namorados.

Escutamos o mexerico das estrelas
No céu escuro e cintilante
Repouso o pensamento
Apenas por um momento
Estaremos todos a sonhar?

Transporto a ilusão de toda a matéria cósmica
Albergo os segredos que partilhamos
Na igualdade de amar
A paixão que faz a lua brilhar
O amor que me permite voar
Assim continuamos,
Sorridentes até o nascer do sol chegar.

Hoje sou alfazema

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Quero ser a tua flor
Espalhar em ti o meu odor
Dizer-te bom dia com amor

Que tal um malmequer
Que bem desfolhado te quer
No meu corpo de mulher

Serei o desabrochar de uma rosa
Delicada e audaciosa
A deslizar na tua pele sedosa

Quero ser o teu jasmim
Florescer no teu jardim
Perfumar o teu corpo sem fim

Serei o teu amor-perfeito
Despida de preconceito
Aos beijos no teu leito

Talvez uma margarida
Forte e atrevida
Para colorir a tua vida

E se fosse uma hortênsia
Elegante de aparência
Sublime na essência

Hoje sou alfazema
Dedico-te este poema…