Será Saudade?

Será saudade

Quando o coração vai destapando a sombra

E mostrando que as lágrimas

Deixaram de cair

Mas que o teu espaço não deixou de existir

Tal como o rio que corre para o mar

O meu amor por ti não se deixa afundar.


Será saudade

As lembranças que vivem dentro do tempo

E que o tempo faz crescer nesta linha de vida

Mostrando que apesar de não estares aqui

Não deixamos de nos ver

Só morres quando a minha memória desaparecer.


Para ti,

Meu querido irmão.

Entre o tempo e a saudade

E o tempo passa aceleradamente

E a saudade fica lentamente

Entre o vazio e a dor que ainda vence

Nada preenche o espaço que te pertence.


Somos feitos de vida para a vida

Remendo os dias para saciar a tua partida

Tantas vezes o corpo é uma colorida fachada

De uma sombria tristeza albergada.


Não há palavras que curem uma despedida

Há momentos que cicatrizam a ferida

A raiz do nosso amor não deixará de crescer

Para mim o teu sorriso jamais irá falecer.


Para ti,

Querido irmão.

Serei eu?

Confesso

Que hoje perdi

O olhar em algum lugar

Fechei o coração à emoção

Deixei o medo tomar conta de mim.

Confesso

Hoje o meu corpo estremece

O dia para mim não tem cor

Nem os beijos sabor.

Confesso

Hoje as minhas palavras não voam

Nem as ondas do mar ecoam

Confesso

Serei eu, assim?

Sempre guardado em mim

Porque a morte abre uma ausência

Um vazio difícil de sustentar

Cicatrizes que ficam

Amarradas ao corpo

Sem remédio para curar

Só o tempo para remediar

A ferida que parece nunca mais sarar.

O teu espaço será sempre guardado em mim

Ficarei com o teu sorriso ancorado no meu coração

E tu seguirás no meu caminho até ao meu fim.



Para ti

Querido irmão

…Com um sorriso…

Porque sinto a tua falta

A dor não deixa de doer

O meu olhar entristece por não te ver

E o coração empobrece por não te ter.


Porque é difícil aceitar a perda

A alma sufoca revoltada

O corpo entrega-se a uma fraqueza descontrolada

Vive-se em silêncio numa vida pesada.


Habitarás sempre dentro de mim

A tua memória irá permanecer

O teu sorriso faz o meu não desaparecer

Hoje e sempre és o irmão que não irei esquecer.


…Com um sorriso…

No voo da solidão

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É como se fosse um voo
Que atravessa o caminho
Arrastando uma mágoa
Que cria pouso no coração
De tão sozinho,
Sem ninguém por perto
Acolhe de peito aberto
Este passageiro,
Estende-lhe a sua mão
Que traz na bagagem a ilusão
De ser prestável companheiro
Mas viaja sem rosto,
Deixando um rasto de escuridão
Onde já nada parece existir
Se não o sentir da solidão.

 

Não sei o que dizer…

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Não sei o que dizer
Tão pouco o que sentir
Se não a vontade de despir
O peso entranhado
Nos ossos
Neste corpo pesado
Onde já nada cabe
Se não a dor da saudade.
Difícil carregar o lugar
Que alberga o despertar
E sustenta o repousar
Das fragilidades da realidade.
O coração
De tão dorido
Sente-se triste e empobrecido
Ainda assim,
Ajeita-se no seu modo de ser
Vagueia,
Mas não se dá por vencido
Recorda a tua força de viver
Ordena a desordem
Nas emoções de te ter perdido
E num fechar de olhos
Abro um sorriso
A todos os teus sorrisos…

 

Para sempre…

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É quando o dia se entrega
Ao silêncio da noite
Que se desmorona a fortaleza
Cai o escudo
Que protege a fraqueza
Abre-se a ferida
Que não cicatriza
Não esquece a tua partida.
Não fiques triste
Com a minha tristeza
Ainda estou a aprender
A olhar-te sem te ver
A falar sem te ouvir
A sorrir para o teu sorriso
Sempre à procura do sentido
De um sopro que acomode
A dor do acontecido.
A cada amanhecer
Se ergue uma muralha
Visto-me para a batalha
Invento-me,
Até um dia conseguir despir
Este sentimento
E abrir o meu coração
A todos os nossos momentos…

Hoje e sempre,
Meu querido irmão

Porquê?

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A dor que me veste o peito
E o desgosto tatuado no rosto
São retrato de um coração desfeito
Cravado de agonia
Transbordando de angústia
Tanto de noite como de dia.

Ausentaram-se as palavras
Para costurar a ferida
Que sangra pela partida
De uma vida interrompida
Onde o manto de tristeza
Cobre e sufoca a leveza.

Os gestos perdem o sentido
O corpo vagueia mudo e perdido
A saudade rasga-me a pele
Enquanto o olhar repousa
No silêncio da solidão
E pergunta, porquê?