Talvez por ser outono…

Há dias em que as palavras não saem

Fecham-se dentro de mim

O silêncio atravessa as paredes da casa

E aloja-se no coração

Soa um vazio estranho

Uma espécie de solidão,

Talvez por ser outono

O corpo se agasalhe da chuva e do frio

E entre em estado de hibernação,

Neste fechar de tempo

Onde as palavras e as horas me traem

As folhas vagueiam soltas

Despidas,

E os poemas ficam ao abandono,

Talvez por ser outono…

Entre o tempo e a saudade

E o tempo passa aceleradamente

E a saudade fica lentamente

Entre o vazio e a dor que ainda vence

Nada preenche o espaço que te pertence.


Somos feitos de vida para a vida

Remendo os dias para saciar a tua partida

Tantas vezes o corpo é uma colorida fachada

De uma sombria tristeza albergada.


Não há palavras que curem uma despedida

Há momentos que cicatrizam a ferida

A raiz do nosso amor não deixará de crescer

Para mim o teu sorriso jamais irá falecer.


Para ti,

Querido irmão.