Quero ser um poema

 

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Hoje
Queria ser
A poesia do teu dia
O corpo do teu poema
Os gestos das tuas palavras
O silêncio do teu pensamento
A conjugação do teu verbo
A invenção da tua criação
Só por um momento
Dá-me asas e voarei
Até dentro de ti
… Quero ser um poema…

A Primavera a chegar!

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Voam pétalas de flores
Soam brisas de odores
Despertam melodias
Rendidas à beleza
À essência da natureza
Que embala o tempo
Acorda os pássaros
Atenta à mutação
Ao correr das horas
Ao sucumbir da mudança
Que avizinha a nova estação.
Agarro essas voltas da terra
Essa entrega sem condição
Que cura as asas feridas
Despe o véu do céu
E guarda a lembrança
Do soprar do vento e da sua dança
Nesta viragem de liderança.
Marcamos passagem
De novo ao encontro
De mais uma viagem.
Chegamos à Primavera!

Não sei se volto…

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Leva-me para dentro do teu abraço
Quero marcar viagem
Em cada estação do teu corpo
Aconchegar-me na tua pele
Acomodar-me no teu regaço
Seguir caminho,
Até encontrar o lugar para abrigar
O amor que transporto.
Quando lá chegar
Já não sei se volto…

Pedaços de mim…

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Pedaços de mim
Caídos em palavras
Por vezes desencontradas
Onde mostro o meu rosto
Com a tinta que escrevo
Embriago o meu corpo
No trago da poesia
Que com o olhar bebo.
Leio-me em cada pedaço
Em cada folha que guardo
Entre outras que desfaço
Em pedaços…

Como sou…

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Por vezes tenho essa vontade
De suspender o tempo
E viver como que distante
Riscar o vai e vem
O engolir constante
Das coisas formatadas
Vividas em vidas aprisionadas
Com as horas ritmadas.

Por vezes tenho essa vontade
De não ser hoje nem amanhã
Calar a razão
Sem a condição de ter que ser
Não me apetece obedecer
À certeza dos certos
Caminho a par com a incerteza
Certa de encontrar a minha leveza.

Por vezes tenho essa vontade
De ir longe ficando por perto
Vestir o rosto de sorriso aberto
Não deixar os dias embrulhados
Ainda que tristes ou amuados
Transporto-os na minha ilusão
E com eles vou
Tal e qual como sou….

Na minha gaveta…

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Em silêncio
Escutei a solidão
O lamurio das palavras
Fechadas na gaveta
Letra após letra
Dispersas na imensidão
Inquietas e com medo
De perder o abrigo
O sentido da imaginação.

Tenho um espaço aberto
Que acolhe sensações
Onde visto de cor as letras
Dou asas às emoções
Esvoaço como borboleta
Embalo-me nas palavras
Que tiro da minha gaveta
Sem medo
Que a poesia me comprometa.